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quinta-feira, 5 de julho de 2012

Ana e Pedro





Era noite. O céu estava meio azul marinho, uma noite linda, e intensa. De onde estavam conseguiam avistar o céu nitidamente pela janela do apartamento. Ana, deitada ao peitoral de Pedro avistava as estrelas em silêncio, enquanto ele acariciava seus cabelos.

- No que está pensando? – Perguntou Ana.
- Em nada. – Sorriu Pedro. – E você?
- Em nada também.

Ambos ficaram em silêncio curtindo o som do quarto, o qual fazia a trilha sonora de fundo. Ana se levantou e debruçou na janela do quarto e ficou olhando avulsa pela rua, que deserta estava. Pedro se levantou lentamente e foi andando até a garota, abraçando-a por trás, lhe deu um beijo na nuca.

- Você está distante. – Comentou Pedro.
- Por que acha isso?
- Sei lá. Apenas acho.
- Eu fico só pensando.
- Em...
- Em o que fazer amanhã quando você partir.
- Ana, vamos mesmo falar disso?
- Pedro, nunca sei o que fazer quando o assunto é você! – Alterou Ana se virando para o garoto, com o qual estava se relacionando há um mês.
- Como assim?
- Eu não sei o que te falar, eu não sei como continuar, eu não sei o que fazer para não assustar você.
- Vá com calma, garota.
- Não me peça calma! Tudo que eu menos quero, e consigo, é ter calma.
- Eu sou complicado, Ana.
- Eu sei disso. Eu sou impaciente, nós nunca combinaríamos.
- Eu gosto de uma outra garota. – Disse Pedro.
Ana ficou com o olhar fixo na feição que Pedro fez ao dizer que era outra a dona de seu coração. Ana tirou os braços de Pedro de cima dela, e sentou na cama, escorou os cotovelos no joelho e olhou para o garoto.
- Qual foi? Eu já havia te dito antes. – Tentou Pedro justificar.
- Eu achei que eu tinha sido o suficiente.
- Pra...? – Pedro gostava que Ana completasse suas frases, por isso sempre começa a pergunta com a justificativa que ela daria.
- Pra te bastar.

Pedro se aproximou de Ana, se ajoelhou se aos seus pés no tapete de seu quarto.

- Eu estou curtindo a minha noite com você. Não podemos falar disso em uma outra hora?
- Não precisa justificar. Somente seja breve.  – Disse Ana olhando nos olhos de Pedro. – Você tem certeza que isso. – Gesticulou mostrando o quarto ao redor. – é o que você quer?

Pedro ficou em silêncio.

- Seu silêncio me machuca, cara, não faz isso. – Lamentou Ana se levantando e deixando Pedro ajoelhado ao chão.
- Ana, por favor...- Pediu Pedro.
- Eu preciso de água. – Comentou Ana, que abriu a porta e foi em direção a cozinha.

Ana foi andando até o fim do corredor, passou a mão no lado direito da cozinha, escura, e acendeu as luzes. Abriu a geladeira, ficou pensando no que queria, e teve uma sensação medonha de quando se esquece o que quer. Ana então fechou a geladeira, e tentou voltar pelo corredor andando de costas – sua mãe uma vez havia dito que quando se esquece o que iria fazer era só voltar andando pelo caminho que havia feito que logo se recordaria. Ana se lembrou que precisava sim de algo, voltou até o quarto e Pedro estava juntando suas coisas e colocando na mochila.

- O que você está fazendo? – Perguntou Ana imóvel da porta.
- Me desculpe. Isso é um erro. – Lamentou Pedro ao vestir a camisa que estava na cabeceira da cama.
- Eu sou um erro para você? – Perguntou Ana.
- Na verdade, eu sim. – Pedro colocou a mochila no ombro direito e foi andando até a garota.
- Vamos consertar as coisas, por favor. – Pediu Ana.
- Ana, está tarde pra mim. Eu preciso ir. – Respondeu Pedro, como quem queria mudar de assunto.
- Se você sair por aquela porta estará me mostrando que você na verdade nunca acreditou em nós.

Pedro olhou Ana por alguns segundos, deu um beijo na testa da garota, e disse:

- Se cuida!

Pedro então foi até o final do corredor, abriu a porta da sala, e saiu. Ana ficou imóvel ao corredor vendo toda aquela cena, não sabia o que fazer, como fazer, ela não sabia o que queria numa hora daquelas. O homem que ela julgava que seria o melhor pra ela, acabara de sair por aquela porta. Ana então correu pelo corredor, abriu sua imensa janela e avistou Pedro saindo do prédio e abrindo a porta do carro. Ana abriu a boca para chamar por seu nome, mas não conseguiu, o som  não saiu, ao ver que o farol se acendeu e Pedro havia girado a chave da ignição, Ana então gritou:

- Pedro!

Pedro abriu a janela do carro e olhou para cima.

- Da próxima vê se tira esse boné pra falar comigo, seu moleque! – Gritou Ana.
- Sua maluca! – Resmungou Pedro que logo em seguida deu partida no carro.

“Ainda aprendo a separar sexo, de amor...” Pensou Ana fechando a janela, não só do seu quarto, como também do seu coração. 

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