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quinta-feira, 19 de julho de 2012

'SCARLET' por André Sgalbieri

"Vou começar do começo, e por ser redundante não irei repetir! A capa... Impecável, esclarecida, e muito muito chamativa... Em alguns momentos que estive lendo no metrô, ou no ônibus a caminho do trabalho reparei que as pessoas torciam as faces, e viravam o pescoço para decifrar o título daquele púrpura em degradê com pink que eu folheava tão devotamente em mãos... Sim, o poder de Scarlet começa no começo, na capa, na apresentação, na primeira impressão, na que se apresenta e na que a gente cria dela ao desenrolar do livro.


Foi-se a primeira folha, depois a segunda, quando me dei conta não estava trabalhando, não estava querendo dormir antes de terminá-lo. Uma dica aos novos leitores de Scarlet: Comecem bem cedo, num domingo em que não tenham nada para fazer; pois certamente irão esquecer das obrigações e mergulhar neste universo triste e ousado, e a todo o momento cheio de intensidade e detalhes que prendem nossos motivos e olhos e atenção por estarem sempre coincidindo com o cotidiano do mundo, e sinceramente, até mesmo com o nosso próprio e pessoal particular.


O livro é um misto de magia e choque de realidade, tende a momentos de choro e outros de riso, e não cansa, não repete, é direto, sem perder detalhes! Não se trata de um clássico literário e sim de uma releitura de como contar, já que o linguajar e o tema abordado são extremamente atuais, nada melhor do que uma linguagem atual, uma postura atual e mentes atualizadas a fim de conceber bem o propósito desta leitura.
Agradeço a oportunidade de ler algo tão diferente, estava cansado dos finais felizes normais, nas mocinhas com os mocinhos normais, e da perspectiva igual. Cansei de ler livros que narravam personagens diferentes, em lugares diferentes, com início e meio e final iguais! Scarlet supera isso em vários âmbitos! Nunca soube bem ao certo onde é que a estória toda acontecera, ou no período temporal que isso ocorreu... é como uma permissão implícita de que eu pudesse ter vivido no mesmo tempo da estória, ou ela acontecendo no mesmo tempo em que eu vivo... E vice-versa.

Não fui o único a cair indefeso nas tramas de Scarlet, choquei-me ao encontrar mamãe ainda deitada quando cheguei do trabalho, com o pijama do dia anterior, com aquela expressão de ontem e apreensiva me pedindo que não a atrapalhasse... Só recebi meu beijo de boa noite depois que ela terminou de ler e vir criticar o “Eduardo” (personagem) e todas as suas façanhas... Obrigado por me causar uma noite sem comida e colo de mãe, caro autor!

Por isso tornou-se meu livro de cabeceira; primeiro porque o rosa contrasta super bem com a decoração sóbria do meu quarto... E segundo... Porque sempre que ler aquele nome, aquele título... Vou poder lembrar que a vida é uma eterna luta... Ora estamos na frente de batalha, guerreando e enfrentado tudo com a “cara” e os peitos abertos... Ora estaremos reclusos, observando... Apenas existindo... Não por escolha, mas por propósitos! Adoro saber que preconceito é cada vez mais algo que cai nos conceitos sociais... A diferença é que torna o feio feio e o belo belo, um precisa do outro, necessariamente, para existir. Cada um com seus caprichos, mas todos com verdadeira importância e individualidade."



André Sgalbieri, 19 anos, estudante, bloggeiro, e amigo, me surpreendeu com uma resenha do meu livro SCARLET que mereceu ser postada aqui.

 Conheci André pelas redes sociais, foi amizade a primeira vista, juntamos nossos dons com a escrita e tentamos criar um blog temático direcionado ao público gay no ano passado. Infelizmente, depois da equipe toda montada, o que faltou foi tempo para colocar o blog VIBE G. no ar.

Em seguida comecei a escrever SCARLET e todo o meu tempo vago que eu teria para postar as coisas no nosso "jornal" semanal seria preenchido. André, e eu, fomos nos tornando amigos de uma forma inesperada pela internet, nosso maior contato sempre foi/é através das tecnologias, uma vez ou outra o encontro em festas, onde dançamos juntos, rimos, e tudo mais. Mas o que mais me encantou nesse garoto, não foi seus olhos azuis, a barba bem feita, e a boca sensual (Embora é o principal, essencial, em um homem - ao meu ver) o que me encantou nele foi a forma como ele apareceu no lançamento do livro, tão doce, simpático, lindo como sempre, ele me fez assiná-lo acompanhado de uma marquinha de Batom. Pois é.

Sgalbieri, tem uma escrita doce, a qual desabafa em seu blog (http://guiis.blogspot.com.br/) assinando sempre Sonhardorzinho.

"Banco de couro, painel automático, teto solar, e o filho da puta ainda tinha olho azul"

Trecho do livro SCARLET que conquistou esse leitor assíduo que me deu este belo presente que vale a pena ser lido, relido, e tudo de novo.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Ana e Pedro





Era noite. O céu estava meio azul marinho, uma noite linda, e intensa. De onde estavam conseguiam avistar o céu nitidamente pela janela do apartamento. Ana, deitada ao peitoral de Pedro avistava as estrelas em silêncio, enquanto ele acariciava seus cabelos.

- No que está pensando? – Perguntou Ana.
- Em nada. – Sorriu Pedro. – E você?
- Em nada também.

Ambos ficaram em silêncio curtindo o som do quarto, o qual fazia a trilha sonora de fundo. Ana se levantou e debruçou na janela do quarto e ficou olhando avulsa pela rua, que deserta estava. Pedro se levantou lentamente e foi andando até a garota, abraçando-a por trás, lhe deu um beijo na nuca.

- Você está distante. – Comentou Pedro.
- Por que acha isso?
- Sei lá. Apenas acho.
- Eu fico só pensando.
- Em...
- Em o que fazer amanhã quando você partir.
- Ana, vamos mesmo falar disso?
- Pedro, nunca sei o que fazer quando o assunto é você! – Alterou Ana se virando para o garoto, com o qual estava se relacionando há um mês.
- Como assim?
- Eu não sei o que te falar, eu não sei como continuar, eu não sei o que fazer para não assustar você.
- Vá com calma, garota.
- Não me peça calma! Tudo que eu menos quero, e consigo, é ter calma.
- Eu sou complicado, Ana.
- Eu sei disso. Eu sou impaciente, nós nunca combinaríamos.
- Eu gosto de uma outra garota. – Disse Pedro.
Ana ficou com o olhar fixo na feição que Pedro fez ao dizer que era outra a dona de seu coração. Ana tirou os braços de Pedro de cima dela, e sentou na cama, escorou os cotovelos no joelho e olhou para o garoto.
- Qual foi? Eu já havia te dito antes. – Tentou Pedro justificar.
- Eu achei que eu tinha sido o suficiente.
- Pra...? – Pedro gostava que Ana completasse suas frases, por isso sempre começa a pergunta com a justificativa que ela daria.
- Pra te bastar.

Pedro se aproximou de Ana, se ajoelhou se aos seus pés no tapete de seu quarto.

- Eu estou curtindo a minha noite com você. Não podemos falar disso em uma outra hora?
- Não precisa justificar. Somente seja breve.  – Disse Ana olhando nos olhos de Pedro. – Você tem certeza que isso. – Gesticulou mostrando o quarto ao redor. – é o que você quer?

Pedro ficou em silêncio.

- Seu silêncio me machuca, cara, não faz isso. – Lamentou Ana se levantando e deixando Pedro ajoelhado ao chão.
- Ana, por favor...- Pediu Pedro.
- Eu preciso de água. – Comentou Ana, que abriu a porta e foi em direção a cozinha.

Ana foi andando até o fim do corredor, passou a mão no lado direito da cozinha, escura, e acendeu as luzes. Abriu a geladeira, ficou pensando no que queria, e teve uma sensação medonha de quando se esquece o que quer. Ana então fechou a geladeira, e tentou voltar pelo corredor andando de costas – sua mãe uma vez havia dito que quando se esquece o que iria fazer era só voltar andando pelo caminho que havia feito que logo se recordaria. Ana se lembrou que precisava sim de algo, voltou até o quarto e Pedro estava juntando suas coisas e colocando na mochila.

- O que você está fazendo? – Perguntou Ana imóvel da porta.
- Me desculpe. Isso é um erro. – Lamentou Pedro ao vestir a camisa que estava na cabeceira da cama.
- Eu sou um erro para você? – Perguntou Ana.
- Na verdade, eu sim. – Pedro colocou a mochila no ombro direito e foi andando até a garota.
- Vamos consertar as coisas, por favor. – Pediu Ana.
- Ana, está tarde pra mim. Eu preciso ir. – Respondeu Pedro, como quem queria mudar de assunto.
- Se você sair por aquela porta estará me mostrando que você na verdade nunca acreditou em nós.

Pedro olhou Ana por alguns segundos, deu um beijo na testa da garota, e disse:

- Se cuida!

Pedro então foi até o final do corredor, abriu a porta da sala, e saiu. Ana ficou imóvel ao corredor vendo toda aquela cena, não sabia o que fazer, como fazer, ela não sabia o que queria numa hora daquelas. O homem que ela julgava que seria o melhor pra ela, acabara de sair por aquela porta. Ana então correu pelo corredor, abriu sua imensa janela e avistou Pedro saindo do prédio e abrindo a porta do carro. Ana abriu a boca para chamar por seu nome, mas não conseguiu, o som  não saiu, ao ver que o farol se acendeu e Pedro havia girado a chave da ignição, Ana então gritou:

- Pedro!

Pedro abriu a janela do carro e olhou para cima.

- Da próxima vê se tira esse boné pra falar comigo, seu moleque! – Gritou Ana.
- Sua maluca! – Resmungou Pedro que logo em seguida deu partida no carro.

“Ainda aprendo a separar sexo, de amor...” Pensou Ana fechando a janela, não só do seu quarto, como também do seu coração. 

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