Partilhar. Essa é a mensagem principal passada pelo Live Action de um dos contos mais conhecidos do mundo e adaptados pela Disney em 1937. Hoje tirei para assistir a adaptação lançada recentemente estrelada por Rachel Zegler e Andrew Burnap, este por sua vez é conhecido por suas grandes performances no palco em espetáculos feitos na Broadway.
Para quem não sabe, o conto original da Branca de Neve foi escrito pelos irmãos Grimm em 1812 e a história é um pouco diferente da contada pela Disney, conhecida, e assistida por muitos de nós quando ainda crianças. Além de uma construção mais sombria da história e um final completamente trágico que foge dos padrões de “Finais Felizes”, o original também traz um complexidade muito intensa para cada um dos personagens.
Já na adaptação feita pela Disney, a história é contada de uma forma mais leve onde uma princesa nasce em um dia de inverno, onde a neve caia e após o desejo de sua mãe de ter uma filha “branca como a neve com os lábios vermelhos como sangue” nasceu a menina chamada de Branca de Neve. Anos depois, em sua infância, sua mãe veio a falecer e um belo dia apareceu uma linda mulher no reino que fez o seu pai, rei governante, se apaixonar por ela. A mulher, que era a mais bela de todo o reino, usava um espelho que era responsável por contar a ela tudo que ela gostaria de saber. Era como se ela tivesse uma espécie de “guru” que a contasse todas as verdades da vida, mas a sua única preocupação era saber quem era a mulher mais linda do reino. Tudo muda quando o espelho que estava sempre habituado a responder “Éres tu, minha rainha, a mulher mais bela deste reino”, para a surpresa da rainha, respondeu que a mulher mais linda do reino era Branca de Neve.
A essa altura da história, o rei já estava morto e então a rainha mandou um de seus melhores caçadores levar Branca de Neve para a floresta e decapitá-la. Chegando lá, o caçador então se recusou a matar a jovem que fugiu pela floresta e após uma longa jornada caiu de encontro com sete anões que passavam a vida trabalhando em um garimpo localizado em uma mina de ouro.
Cada um dos anões tinha um nome de acordo com a sua personalidade. Temos o Mestre, que é responsável por guiar e doutrinar toda a turma de amigos, ele é o mais inteligente dos sete e responsável por manter a ordem na casa e também no garimpo. Em uma das cenas ele é responsável por produzir também poções de cura para outros personagens da trama. Temos o Zangado, que está sempre de mau humor, ansioso e amargurado com tudo. O Soneca, que só pelo nome não precisamos nem de muito para concluir que ele é o mais sonolento e preguiçoso dos sete. Temos o Dengoso que é o mais delicado e sentimental da turma. O Feliz que está sempre feliz. O Atchim que parece estar sempre com alergia a algo ou alguma coisa e o Dunga que, este por sua vez, é o mais especial e diferente de todos. Ele não fala.
A adaptação do filme nos traz mais uma mensagem um pouco reflexiva para nós espectadores que estamos assistindo a trama e esperando apenas uma maçã envenenada ao final do filme com um beijo de amor verdadeiro capaz de acordar uma donzela de um sono eterno.
No live-action, é possível ver a criação dada pelo Rei e a Rainha à sua filha Branca de Neve que durante todo o seu reinado, eles ensinaram à Branca de Neve a reinar com amor, partilhando a todos os menos favorecidos do reino, sem egoísmo, levando sempre em consideração quatro principais pilares que eram, coragem, justiça, força e sabedoria. E foi assim que Branca de Neve cresceu e se construiu como pessoa. Enquanto sua madrasta tinha o foco apenas na riqueza que eram os diamantes.
Em uma das cenas, a madrasta de Branca de Neve faz uma analogia onde ela diz que um botão de rosa é mais fraco e menos importante que uma pedra de diamantes. Enquanto o botão de rosa envelhece e murcha, o diamante permanece eternamente em seu estado brilhoso e latente. Após fazer a analogia em frente ao espelho forçando Branca de Neve a se olhar, ela a pergunta se o povo gostaria de receber uma rosa ou diamantes e eis a pergunta fundamental e mais importante da trama que nos faz pensar no que seria mais importante para nós não como sociedade como também estando em uma liderança. Gostaríamos de liderar como uma flor ou como diamante?
E é assim que o filme se desenrola a partir do segundo ato, onde mostra Branca de Neve aprendendo a reinar na floresta estando na casa dos sete anões, onde ela os ajuda na organização, na divisão das tarefas e se coloca na frente de uma quadrilha de ladrões que lutava pelo rei. Ela, uma princesa, colocando a vida em risco por uma equipe que lutava em prol de seu pai. Podemos meramente fazer uma associação com o nosso mundo corporativo e um papel claro de liderança.
Enquanto isso, no reino, a rainha liderava os seus súditos transformando todos os homens em guerreiros. O padeiro e outros menos favorecidos viraram soldados da rainha que lutavam por e para ela enquanto ela permanecia sentada em uma mesa extensa em frente a uma fartura de comida em um banquete que era sempre servido a ela e a mais ninguém enquanto todo a comida do reino estava totalmente escassa e eles viviam em situações precárias. Ela visava apenas o retorno da riqueza. Ela queria ser construída a base de diamantes. Fazendo uma breve comparação é como se Branca de Neve trabalhasse pela qualidade e a madrasta trabalhasse apenas vendo os números.
Uma das cenas mais emocionantes do filme é quando Dunga, o anão especial que tem aparentemente problemas sociais e é o mais introspectivo dos sete, se atrapalha no meio de uma confusão generalizada em uma mesa de jantar e acaba sendo atingido na cabeça com uma panelinha de sopa de mingau que fez com que todos os anões dessem gargalhadas dele deixando-o completamente constrangido ao ponto de sair do local com lágrimas nos olhos. Branca de Neve então que acompanhou tudo, saiu do local rapidamente e foi acompanhar Dunga que já estava sentado em uma pedra e calado. E foi aí que o diálogo mais humano e interessante aconteceu. Ela descobre que Dunga não fala e então ela o ensina a assobiar, que era uma forma de ele conseguir se comunicar.
Embora tenham muitas críticas na internet a respeito da nova adaptação do conto de fadas, vale a pena assistir em um final de semana estando com a família na sala e fazer comparações não só com o mundo corporativo como também a cenários específicos da sua vida. As músicas que acontecem no decorrer da história não chegam a ser tão cansativas, pois parecem mais monólogos os personagens com falas e insinuações que compõe toda a cena.
Minha conclusão para este filme é que mais uma vez a Disney acertou no formado de mais um live action que poderia ser facilmente para toda a criançada, mas pode ser levado tranquilamente para o mundo adulto. O meu aprendizado com ele foi reconhecer dois tipos de liderança, um lider que preza pela qualidade de uma entrega e o outro líder que preza apenas por números na entrega ou no resultado. E é a partir daí que a história no mundo corporativo faz sentido, como sociedade, como nós gostaríamos de ser doutrinados? Visando uma rosa ou diamante? Visando qualidade ou números?
E quase me esqueci da mensagem principal da história que é a palavra “Partilhar”. Essa palavra nos constrói muito como colaboradores ou líderes. Que é compartilhar, sendo ele conhecimento, histórias que podem nos agregar em algo na vida particular ou profissional, mas para o profissional o importante é ser multiplicador. E sempre se lembrando dos quatro pilares principais: Coragem, Justiça, Força e Sabedoria.