Vamos lá: Tenho um amigo que exatamente há um ano atrás conheceu um cara, e que de primeira ficou encantado com o mesmo. Os dois ficaram durante a festa toda, e em seguida esse meu amigo foi dormir na casa dele. No dia seguinte meu amigo voltou pra casa com um sorriso apaixonado e uma história avassaladora pra contar, até aí tudo bem, estava no segundo dia, e ninguém havia se machucado, AINDA.
Na semana seguinte eles ficaram de novo, e na outra, e na outra, e na outra, e assim sucessivamente. Mas meu amigo reclamava sempre que o tal carinha só o ligava no domingo a tarde, somente para passar a noite e o fim do final de semana acompanhado. O que no início não era problema, começou a se tornar um ENORME obstáculo com o passar dos meses.
Sempre deixei claro que um caso assim não teria futuro, até porque como é que a gente investe em uma pessoa que só nos liga no domingo a tarde, e o resto da semana nem existe, nem diz oi, e nem sente saudades?! Como, hein?! COMO?(Aquele momento desespero) Com seis meses meu amigo foi se cansando da casualidade dos encontros e começou a tentar conquistar o coração de pedra do talzinho, só que sempre que ele falava de namoro, o CORAÇÃO GELADO corria.
Numa de um DOMINGO a noite, três meses atrás meu amigo me liga:
- Amigo, comprei uma caneta daquelas comestíveis de Sex shop. E Escrevi no corpo “NAMORA COMIGO?” e disse a ele que se ele lambesse seria um sim.
- Nossa. – Disse lisonjeado. – Quanta criatividade. Mas me conta, e aí?
- E aí que eu estou indo embora todo melado!
Subentende se que o CORAÇÃO GELADO não quis. E meu amigo ainda assim continuou sumindo todos os DOMINGOS e tornou se indisponível para contato durante UM ANO, que fez exatamente hoje. E ainda me liga para reclamar do cara, e em todas as ligações – TODAS mesmo – ele me pergunta:
- Aiii amigo, o que eu faço?
No início eu respondia:
- Conversa com ele, cara. Se você gosta dele e quer insistir nisso e te faz bem, diz o que você sente, mostra pra ele que você gosta etc... Se for o que ele quer também, vocês vão ficar juntos.
Ele sempre dizia que iria, desligava o telefone decidido e me deixava ansioso pela resposta da conversa que teriam. mas chegava aos domingos e não abria a boca, e no dia seguinte falava que não conseguiu falar, ou não deu tempo, e vinha novamente com histórias um tanto eróticas sobre o confronto – o sexo – que já era uma domingueira entre os dois. Sempre que ele me perguntava sobre o que fazer, eu respondia sempre a mesma coisa, mas com o passar do tempo EU fui me cansando da história e ficava indagado sobre como ele conseguia aceitar aquilo, sobretudo se acomodar com aquele relacionamento.
Quando ele tocava no assunto eu já dizia acostumado com a sem vergonhice de ambos, o que já era quase uma resposta automática:
- Vai lá, transa com ele. Você não está fazendo nada mesmo... (Que era sempre o que ele queria ouvir)
Hoje é domingo. No calendário do meu amigo “domingo” quer dizer: “Hoje é dia!!!” Chegando em casa me pego 14 chamadas não atendidas no celular. Estranho, era para o meu amigo estar se “preparando” para o fim do dia, já que ele é todo vaidoso, afinal, hoje é domingo. Retorno a ligação que encarei como desespero. Ele atende na primeira chamada:
- Amigo! Mandei uma mensagem pro fulano.
- Ai meu Deus... – Reclamei cansado do assunto.
- Posso ler? Não ri agora, só no final. Tudo bem?
- Claro. Vou me segurar.
- Pensa em mim, que eu estou pensando em você. E me diz, o que eu quero te dizer. Vem pra cá pra eu te dizer que juntos estamos... – Não precisou de muito pra me tocar que se tratava da música PENSA EM MIM do ano de 2007 e cacetadas.
- E ele, respondeu? – Perguntei curioso.
- Sim, ele respondeu com: Quer sexo hoje?
Nós dois gargalhamos.
- E você? – Perguntei.
- Então... Te liguei por isso. O que você acha, o que eu respondo, o que você faria? – Perguntou ele de uma forma desesperada.
- Primeiro: Já te falei o que eu acho e penso disso tudo. Segundo que se eu mandasse isso pra alguém, e esse alguém me retornasse com uma mensagem ousada dessa forma, eu responderia: Estou, mas não com você. (PONTO)
- Então vou responder isso! Aii... mas eu quero com ele. – Choramingou.
- Mas ele não precisa saber. Manda. – Dei ideia colocando mais lenha na fogueira.
- Tá bom. Depois eu te ligo. – Ele deu uma pausa. – Ah... e você, tá bem?
- Tô. Hoje eu fui....
Ele me interrompeu:
- Depois eu te ligo. Ah, e se eu não te ligar e ficar in off o dia todo, você já sabe o que aconteceu né?!
- Sei.
- Ok. Te amo! Beijos.
- Beijos.
Desliguei a chamada, balancei a cabeça, e ri sozinho.
Ou seja... Não se salva um coração vagabundo que gosta de dor.