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domingo, 8 de dezembro de 2024

CADENTES

 Te olhei.

Tive medo.
"Vem", você me disse.
Sem medo fui, mas com receio te provei.
Foi alegria. Foi entusiasmo.
Sua companhia era de me tirar os sonos.
Cada dia, cada noite, era tudo que eu tinha.
Ficávamos horas juntos.
E então fomos nos tornando apenas eu e você e foda-se o resto do mundo.
Pra quê se preocupar com o mundo quando eu tinha você?
Era só pedir, com trinta minutos você vinha e me reluzia.
E então mais uma vez era eu e você, e mais dias e noites juntos em uma imensidão clara como cometas que rasgavam o céu. Vários cometas, muitos rastros, todos perfeitos e perdidos. 
Como estrelas cadentes no céu você rasgava a imensidão da noite, reluzia, até que então as estrelas se apagaram.
A noite ficou vazia e eu pedia, implorava por te ver, não queria te deixar. 
Ficar sem você me tornava vazia, me fazia ficar fora de mim, pois não me reconhecia mais.
Os dias começaram a ser estranhos, não tinham mais graças, sem você, não me importava mais nada.
Eu só queria você.
Então eu pedia e em palavras curtas você respondia que vinha.
Chegando.
Descendo.
Cometas.
Estrelas cadentes.
Céu escuro.
Vão de imensidão e escuridão.
Era dia e você ainda estava aqui.
Dolorosa era a parte de partir. 
Eu só queria que você ficasse por mais uma tarde ou noite.
Mas você ia. Tão ingrata.
E quando ia e me deixava, lá eu estava. Sozinho.
Olhando um céu, em sua imensidão escura, sem nenhuma estrela, sem nenhum brilho implorando pelo amanhecer, aquela imensidão clara que você levou. 
Os dias se passavam, e cada segundo eu prometia ser a última vez.
As estrelas voltavam aos poucos brilhar em meu céu, noites e noites, e então eu pedia a ver cadentes. 
Rasgando o céu com o você. Justo eu, que por todas as outras vezes prometia ser a última vez.
Última vez, prometo. 

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