sexta-feira, 2 de novembro de 2012
O Cérebro e o Coração
- Hey... Você está dormindo?
- Não. Estou aqui, sonhando acordado.
- Ainda com o fulaninho?
- É.
- Você está me machucando com isso. Dá pra deixar de lado?
- Mas eu não consigo parar de pensar.
- Consegue. Só você tentar.
- Não. Eu não tenho escolha.
O Coração riu com sarcasmo.
- Quem não tem escolha sou eu. Você está me machucando.
- Cala a boca.
- Acha que se ele nos quisesse eu estaria machucado agora?
- Cala a boca, me deixa pensar!
- Não. Isso tem que parar!
- Não consigo.
- Estou aos pedaços. Vou morrer.
- Para de drama!
- É sério. Tá doendo. Dói muito. É horrível.
- Para de drama, por favor.
(Silêncio)
- Egoísta.
- Não sou egoísta.
- É egoísta sim. Só pensa em você, e eu aqui sempre me fodo. Eu sou o único que dói.Eu sou o único que chora, eu sou o único que quebra, eu sou o único. SEMPRE!
- Não é verdade.
- É sim. É sempre assim, quando eu começo a me acostumar, e a gostar novamente, tenho que me quebrar e me recompor. E quando eu faço isso vem você de novo e fode com tudo. Me quebra!
- Cala a boca!
- Cala você. Escolhe as pessoas. Filtra. Sei lá... Vê quem vale a pena ou não.
Uma voz vinda de fora, com um tom rustico e nervoso quebrou de repente o clima da discussão entre o Cérebro e o Coração.
- Dá pra calar a boca aí dentro? Preciso me concentrar. Eu hein...
quarta-feira, 24 de outubro de 2012
SCARLET por Rafael Fava Beluzio.
Último dia 16, no restaurante Columbia, aconteceu em Carangola o lançamento, infelizmente pouco frequentado, do romance Scarlet, de Reynaldo Araújo. O carangolense nascido em 1992 se mudou pro Rio de Janeiro não faz muito tempo e divulgou o evento literário em redes sociais. De fácil leitura, as cerca de 300 páginas do livro contam a respeito de Oscar, um rapaz que está saindo do Ensino Médio e, aos poucos, vestindo a peruca loira e as roupas da fria Scarlet. Essa personalidade dupla conduz toda a narrativa de mais fala do que falo.
Os problemas vividos por Oscar – familiares, vocacionais, sexuais, emocionais, econômicos – ganham mais descrições do que os poucos momentos de homoerotismo. Como me disse Reynaldo Araújo em entrevista, ele recusa obras que exploram o sexo vulgar. Essa recusa é uma espécie de negação de seriados como Queer as folk e filmes, tal Bruna Surfistinha. Por títulos assim é possível ter em mente um pouco do contexto cultural da produção de Scarlet. Nela, pouco da literatura brasileira: talvez algo magro de Caio Fernando Abreu e quase nada do cânone em geral.
O que sobra no livro é uma forma mass cult de composição. Há nele certa intencionalidade guiada para a supressão do que poderia especificar. Scarlet tenta se universalizar e facilitar o seu consumo. O vocabulário é comum. Em nenhum momento é necessário ao leitor consultar o dicionário. As frases e os parágrafos são curtos. Os capítulos com poucas páginas. Há constante criação de tensões, cenas que gostam de causar, gerar espanto. Esses recursos formais dão fluidez ao texto. Fazem lembrar títulos que frequentam estantes pops.
O tempo da narrativa é também acessível a todos. Não há, por exemplo, menção a datas particulares. Os acontecimentos do livro pairam sob uma sombra temporal. O contexto é sim o contemporâneo, visto em contínuos usos de tecnologia pelos personagens. Além disso, referências a datas comemorativas existem, como natal e reveillon. Mas nada aconteceu em hora, dia, mês e ano específico.
E onde? O espaço também costuma ficar nublado. Não se sabem nomes de ruas, bairros, cidade. Seria Carangola? Suspeito que a trama se adeque bem a alguma cidade como Viçosa, mas não universitária. Pois se de um lado são mencionados problemas típicos do interior, por outro há referências a shoppings, cinema, boites gays.
Apesar de não se referir a Carangola e embora Reynaldo Araújo recuse o rótulo de literatura gay – ambas em prol da universalização ao modo mass cult – o romance toca em problemas da homossexualidade carangolense. Os rostos virados nas ruas, o preconceito constante nas escolas e os pais agressores compõem o universo ficcional de Scarlet e o real de Carangola. Essa mesma homofobia pode ter sido um dos fatores para o vazio dia de lançamento do livro.
domingo, 14 de outubro de 2012
ELIZABETHTOWN
"Quer mesmo ser grande?
Então tenha a coragem de fracassar espetacularmente. Dê a volta por cima, e
faça eles se perguntarem porque você ainda está sorrindo."
Orlando Bloom estrela esta
comovente história, como Drew Baylor, um poderoso designer cuja a vida se torna
completamente descontrolada em um dia fatídico, onde ele vê todo o seu projeto
na criação de um tênis indo por água abaixo. Drew passou anos de sua vida se
dedicando àquela criação, e ao sucesso da mesma, e do nada se depara com seu
projeto, emprego, e sua vida em ruínas, um verdadeiro FIASCO, não um fracasso.
Drew se prepara para voltar
para casa sem saber por onde começar, e decide colocar um ponto final,
colocando todas suas coisas na rua, e montando uma bicicleta que em
contrapartida ocasionaria na sua morte. Sim. Ele se suicidaria, porém o seu telefone toca, e o seu RINGTONE (que agora é o meu também) era I Can't Get Next to You (TheTemptations), ao atender, ele se depara com a sua irmã aos prantos notificando a
morte de seu pai. Drew como era o homem da família tem de abandonar sua casa para ir buscar o corpo de seu pai em LOUISVILLE e trazer de volta para proceder
com o funeral, já que sua mãe estava completamente abalada, e a irmã tinha que cuidar de seu bebê.
Indo para Elizabethtown em
virtude da morte de seu pai, Drew conhece Claire (Personagem de Kirsten Dunst)
que por sua vez tem um temperamento inabalavelmente positivo e decidiu ser a
garota que vai guiar Drew de volta para casa e ensinar a ele o que significa
viver e amar durante o caminho. Drew e Claire nos surpreende o filme inteiro
nos arrancando gargalhadas e nos fazendo admirar os diálogos um tanto
desconexos e repletos de fofura.
O filme é próprio para se ver
com família, ou sozinho. Sim, sozinho. Ele é um tapa na sua cara e faz você
pensar sobre vida, família, e todos os problemas. Um caso em especial que me
fez gamar no filme, além de toda a história do Drew com a família, é o
personagem Jessie que tem um filho de aparentemente seis anos de idade onde ele
não consegue colocar limites. O filho apronta o tempo todo, e é mal criado, a
família toda faz comentários sobre o comportamental do garotinho – o que
inúmeras vezes me fez lembrar de meus tios em almoços, ou jantares de família e
aquele primo mau criado que toda família tem.
Jessie é criticado pelo pai
por não conseguir educar o filho, e ele por sua vez rebate dizendo que o garoto
cresce onde astros do rock de diferentes naturalidades tem o mesmo respeito e
importância – o que também é um a crítica ao preconceito. – O pai então diz ao
filho: “Você não pode ser o melhor amigo de seu filho.” Jessie então dá um riso
de canto de boca que nos faz entender que o pai nunca foi um bom pai com ele, e
ele não gostaria que isso se repetisse com o seu filho.
Se você ainda está em dúvida
de assistir o filme ou não, acho que não deveria permanecer em cima do muro.
Corre, aluga, baixa, compra, mas assista. De preferência sozinho, quando você
estiver na pior se possível. Esse filme te faz viajar, te faz pensar, te dá um
UP na estima. Não posso deixar de comentar da OST (Trilha sonora), que
simplesmente é perfeita.
Por que eu estou postando
isso? Porque eu acho que esse filme simplesmente me lê, o personagem de Orlando
Bloom sou eu. Sabe quando a gente se identifica com o filme? Então. Esse é o
filme da minha vida. (risos) Assisti hoje pela milésima vez, e todas as vezes
que assistir vou continuar chorando, me emocionando, rindo, e cada vez mais me
colocando na pele de Drew. E sim, se me perguntarem hoje qual o meu filme
favorito eu diria “ELIZABETHTOWN”.
“Eu queria aprender a sorrir,
mas descobri que leva tempo para extrair a felicidade da vida.”
quinta-feira, 11 de outubro de 2012
SCARLET por alguns Leitores (PARTE I)
"Percebi que a Scarlet sofreu muito, e algumas vezes me imaginei no lugar dela, sofrendo por paixões adolescentes, imaturas. É sempre um aprendizado e uma terapia ler assuntos ou histórias que mexem no nosso coração e perturbam a lembrança. Opções ou orientações à parte: eu amei, tu amaste, ele amou, nós amamos, vós amastes e eles amaram. O verbo e a conjugação é a mesma, só muda a PESSOA."
Da leitora LÍVIA TOURINHO (RJ)
" É legal poder ir almoçar pensando no que Oscar poderia fazer em determinada situação, ou ir se deitar imaginando o que aconteceria quando ele descobrisse a verdade. Porque sim, é esse tipo de livro; gruda na sua cabeça como uma daquelas músicas contagiantes, mas que você não quer parar de cantarolar o dia todo."
Da leitora (também escritora) A.F. Nascimento (SP)
"Simplesmente incrível. Liberta, descontrai. Um mix de sensações incríveis, e até mesmo difíceis de descrever."
Da leitora ALINE ANTUNES. (RJ)
"Os personagens são muito bem pensados, a trama toda é muito bem pensada, a coisa da voltas e reviravoltas mas nada muito complexo, que você não entenda. Mas que te surpreende de uma forma que te entusiasma e te faz querer continuar no livro."
Do leitor PETHERSON RESENDE (MG)
"Todo o drama é incrível, o romance é aquela coisa que você se identifica, o personagem "nunca deixa de amar os antigos namorados" etcs e é mais ou menos assim na vida real. (...) é como se carregasse um sentimento, é como se o personagem realmente tivesse existido e passado por aquilo tudo. Isso me encanta em uma história."
Do leitor PETHERSON RESENDE. (MG)
"...Scarlet me fez fugir do meu mundo tedioso. Eu ja estava sensível, com o termino do livro então tive uma crise de choro e mil lagrimas "rasgaram o meu rosto". Eu quero um Arthur na minha vida!"
Da leitora FRAN BURLE MARX. (RJ)
"Estava faltando um romance como Scarlet, instigante nos prende até o final. Parabéns ao autor."
Do leitor RAPHAEL (SC)
"Foi-se a primeira folha, depois a segunda, quando me dei conta não estava trabalhando, não estava querendo dormir antes de terminá-lo. Uma dica aos novos leitores de Scarlet: Comecem bem cedo, num domingo em que não tenham nada para fazer; pois certamente irão esquecer das obrigações e mergulhar neste universo triste e ousado, e a todo o momento cheio de intensidade e detalhes que prendem nossos motivos e olhos e atenção por estarem sempre coincidindo com o cotidiano do mundo, e sinceramente, até mesmo com o nosso próprio e pessoal particular."
Do leitor ANDRÉ SGALBIERI (RJ)
"Agradeço a oportunidade de ler algo tão diferente, estava cansado dos finais felizes normais, nas mocinhas com os mocinhos normais, e da perspectiva igual. Cansei de ler livros que narravam personagens diferentes, em lugares diferentes, com início e meio e final iguais! Scarlet supera isso em vários âmbitos"
Do leitor ANDRÉ SGALBIERI (RJ)
"...A narrativa flui muito bem, sem "papas na língua", e com agilidade. Me peguei assimilando diversas situações vivenciadas no livro que até mesmo eu já tenha passado. (...) Daria um ótimo roteiro para o cinema no estilo "muita calma nessa hora GLBT"..."
Do Leitor THIAGO CROFT. (RJ)
"Há constante criação de tensões, cenas que gostam de causar, gerar espanto. Esses recursos formais dão fluidez ao texto. Fazem lembrar títulos que frequentam estantes pops."
Do leitor, cronista, e professor RAFAEL FAVA BELUZIO (MG)
"Os problemas vividos por Oscar – familiares, vocacionais, sexuais, emocionais, econômicos – ganham mais descrições do que os poucos momentos de homoerotismo. Como me disse Reynaldo Araújo em entrevista, ele recusa obras que exploram o sexo vulgar. Essa recusa é uma espécie de negação de seriados como Queer as folk e filmes, tal Bruna Surfistinha. Por títulos assim é possível ter em mente um pouco do contexto cultural da produção de Scarlet."
Do leitor, cronista, e professor RAFAEL FAVA BELUZIO (MG)
"...Que descrição perfeita, é possivel sentir a força de cada palavra, como se eu tivesse assistindo tudo de camarote"
do leitor EDSON ARAÚJO JUNIOR (RS)
"Quando terminei seu livro, no último capitulo "O último dia de SCARLET" o joguei na parede. Sério, mas aí lembrei que tinha Epílogo. (Risos) Me conta, como é que você faz com que as nossas opiniões a respeito dos personagens mudem de uma hora para outra?! Simplesmente me apaixonei por Arthur."
Do leitor CARLOS SANTOS (BA)
"Em muitos pontos pude ouvir alguns amigos meus. Parece um desabafo..e a leitura é leve e gostosa. To presa. A gente te ouve contando.. dá pra imaginar a respiração do personagem quando está nas ruas escuras voltando pra casa ou se pegando com o Arthur. Parei pra imaginar o Jonatas..."
Da Leitora JULIANA CASTRO (MG)
"Estou amando o livro, não consigo parar de ler! Sua escrita é envolvente, fascinante e sedutora, me sinto as vezes movidos pelos desejos do protagonista! Sua escrita me lembra muito as primeira publicações de Caio Fernando de Abreu! Parabéns!"
Do leitor ELIELSON RODRIGUES (MG)
segunda-feira, 1 de outubro de 2012
De TED ao Tédio!
Há dois meses atrás você conheceu
um cara. E ele te deu o melhor sexo da sua vida. A compatibilidade na cama foi
a melhor impossível, ele te morde do jeito que você gosta, de aperta do jeito
que você gosta, te pega do jeito que te faz morder os travesseiros. Te faz
procurar em outros corpos o que você só irá encontrar nele. É. Ele te faz
literalmente gozar de prazer.
Você acorda no dia seguinte dá
bom dia pro mundo, sorri pro porteiro, dá boa tarde pro piloto da lotação.
Consegue chegar até vinte minutos antes do seu horário no trabalho. Afinal,
você está motivado. No dia seguinte vocês trocam mensagens, combinam de se ver,
ele te leva pro cinema, vocês assistem desenho animado, e você acha tudo aquilo
uma fofisse.
Ele morre de rir feito um
crianção enquanto você chora por não ter ido assistir o drama misturado com
suspense – seu gênero favorito da sessão das nove. Ele te aperta a cada risada,
te dá beijo, e volta com o olhar para a tela de cinema. Aflito e atento à cada
detalhe do filme, ele quase nem nota que você está alí clamando por ele. Foi
uma das noites mais divertidas que você teve desde o namoro turbulento o qual
saira meses atrás, então você pensa que sua vida enfim está entrando no eixo. Aceitando
o fato de que pode estar prestes a entrar em outro relacionamento, ou talvez
não, gama no cara, pensa nele o tempo todo, e tenta inúmeras vezes sair com o
talzinho.
Ele some, não te liga mais, e
quando você manda mensagens ele diz para marcarem algo, e sempre surge um
imprevisto (Seja dele ou seu). Você enfim, cansa de dar murro em ponto de faca.
Deixa o ser humano de lado e toca sua vida com as pessoas mais erradas da face
da terra chorando o melhor sexo da sua vida, e buscando tê-lo novamente. Daí
num dia desses qualquer você se esbarra com ele na rua, uma surpresa, ambos
surpresos, três meses depois da surra na cama que ele te deu.
Você sorri chama pelo nome dele,
ele te reconhece, te abraça. E eu estou falando daquele abraço apertado, sabe?!
Você pede o número dele de novo, afinal, com esse seu jeito maluco de deletar
pessoas você acabou deletando o número dele também. Essa é a hora que ele te
convida para uma visita no final do dia, e você fica igual a um maluco com
aquilo na cabeça, seus hormônios gritam, clamam por sexo o tempo, se derretem
por ele.
Você passa a tarde toda pensando
em fazer o confronto de vocês valer a pena e prender o cara de vez. Ou talvez
você só queira sexo mesmo. Não sei. Ele diz pra você se arrumar que ele vai te
pegar. Você toma um banho, fica gostoso, cheiroso, e faz planos de quais
posições fará, como tirará a roupa, e quais os locais transará com o tal cara.
Passa um bom tempo na frente do espelho até se certificar que está pronto e não
está faltando nada no seu visual, e manda uma mensagem pra ele dizendo que está
tudo ok e que ele já pode bater na porta do seu castelo, afinal você está uma
princesa. (risos)
O cara não hesita em te responder
logo em seguida: “Já estou com nossas entradas” Você faz uma cara de “What the
fuck man?” e ele conclui “Vamos assistir TED no cinema hoje”. É a hora que você
sente toda a sua vida desmoronar, seu castelo desaba, sua coroa cai, e você
grita por dentro, jorra totalmente o tesão na parede. TED? TED? TEEEEEEEEEEED?
Você repete pra si desesperadamente. Sério que ele te chamou pra ver o filme do
ursinho enquanto tudo que você queria era transar com ele feito um animal?!
Essa é a hora que você desliga o celular e finge com a cara mais lavada do mundo que a
sua bateria acabou. Não sabendo ele que o tesão também.
terça-feira, 25 de setembro de 2012
Me deixa entrar?
É como se eu estivesse andando agora, trilhando exatamente o caminho que me levaria à tua porta. Com meu coração retalhado procurando por algo mais. Sem saber se você ainda vê alguma coisa além de mim, além de nós.
Eu tento, e muitas vezes é bem difícil, é complicado. É uma batalha onde não tenho um exército capaz de vencer, e sei que serei vencido, e mais uma vez me encontrarei jogado ao chão colhendo tudo o que restou.
Eu tento acreditar. Juro. Mas é difícil, é complicado, é repetitivo. Como agora. Seria loucura, mas me sinto batendo na sua porta com uma bagagem e o peito munidos de esperanças, sem ninguém para acreditar, sem ninguém para apostar no que temos.
Você abre a porta, e tudo que eu vejo é você me olhando nos olhos, e o que eu tenho para te dizer, todas as palavras, todos os sentimentos, todo o amor que eu tinha para demonstrar acaba me caindo melhor se ficasse para outro dia.
Me deixa entrar. Tá frio aqui fora. Tá frio sem você. Tá chato.
Me deixa entrar, seu sorriso e seus olhos preenchem todo o meu dia.
segunda-feira, 27 de agosto de 2012
Beija eu?!
- Não quero te machucar!
- Relaxa. Não sou menininha de dezessete anos que vê príncipe encantado em qualquer canto.
- Eu sou sapo né?!
- Não te beijei ainda pra saber!
(Silêncio)
- Me beija?
- Por quê?
- Quero saber se eu sou seu príncipe!
- Mas e se você não for?
- Se não for, não foi.
- E se for?
- Se for, foi.
(Barulho de beijo)
- E agora?
- Continuo o mesmo.
- É.
- Virei principe pra você?
- Não.
- Ainda sou sapo?
- Talvez.
- O que a gente faz agora?
- Essa é a hora que eu corro, o relógio aponta meia noite, e deixo meu sapatinho de cristal para trás. Você me procura, me acha, e a gente vive felizes para sempre. (risos)
- Só tem um problema...
- Qual?
- Te procurei por todos esses anos. Não precisei de sapatinho pra chegar até você. Te achei. Você me beijou. E eu não virei principe. Mas se você me der a chance, e quiser, eu posso ser seu mundo!
- Eu quero. E agora, o que fazemos?
- Essa é a hora que a gente faz o "felizes para sempre" dar certo, sobretudo acontecer.
... E foi o que eles fizeram. Ou pelo menos tentaram. Ou tentarão. Tanto faz. Eu não sei.
domingo, 26 de agosto de 2012
Meu Trem!
Uma mochila com algumas mudas de roupas. Guarda roupas com todos meus casacos e calças enfileirados. Minha cômoda intacta. Cama arrumadinha. Quarto com cheirinho de bom ar. Aquele cheirinho de casa fechada. Nos portas retratos fotos de quando eu morava ali. Fotos dos meus dezesseis, dezessete anos. E é tão estranho ver que à cada vez que volto ali me sinto um pouco mais velho ao ver minha imagem refletida no espelho de dois metros por um metro e meio da parede do meu quarto. Fotos de alguns amigos, muito deles agora, se tornaram apenas conhecidos. Outros conhecidos que se tornaram grandes amigos. E aqueles que realmente valem a pena. Outros não.
Deito na minha cama, e automaticamente me vem todo um flashback de todas as coisas que já fiz ali. Com quem eu me deitei. Quem se deitou. O que se passou por ali. Olho para todos os cantos do meu quarto com um ar de nostalgia, e sinto saudade, choro, me reviro entre os lençóis, viajo, relembro, penso em voltar. Lembro das minhas tardes de finais de semanas entre amigos. Os mesmos que me faziam companhia ao fazer um bolo de chocolate, ao tomar aquele vinho barato de supermercado assistindo filme de comédia.
Sinto falta daquelas risadas escandalosas da madrugada. “Ri mais baixo” dizia meu pai socando a porta do meu quarto. E eu ainda o sinto ali. “Vem almoçar, menino. Computador não enche barriga” me dizia ele querendo que eu me desconectasse do mundo virtual. Eu revirava os olhos, e achava aquilo um saco. Mas meu Deus, como eu sinto falta. Daria tudo, tudo mesmo, para ter somente mais um momento daquele. Mais um dia de risadas com meus velhos e bons amigos, mais um dia de reclamações cansativas de meu pai, mais um dia com dezessete. Queria mais um dia de inocência, mais um dia sem preocupação.
A gente cresce. Foi o que eu disse pra minha melhor amiga ontem por telefone. Nos conhecemos nos tempos de colégio. Eu tinha quatorze anos quando ela com toda intimidade do mundo veio se apresentar a mim na cantina do meu novo colégio. Foi amor, amizade, tudo, a primeira vista. Hoje estamos crescidos, e choramos calados àqueles velhos tempos, os quais não tínhamos preocupações com nada, éramos crianças e achávamos que sofríamos, quanta futilidade. Depois de um bom tempo sem contato, ontem, ela me ligou, e ficamos horas no telefone, até me atrasei para um encontro. Falamos da vida. Me abri. Falei do que eu passei fora de casa. Que é o que todo mundo passa. E falei como a gente tem que ter paciência para que as boas coisas fluam conosco. Ela me falou dela, o que certamente não foi diferente, falou do namorado, e eu falei das minhas experiências infrutíferas.
Às vezes me acho tão apegado ao passado, que não consigo aceitar a ideia de que a vida é uma constante mudança, me lembro de uma brincadeira que uma professora da Quinta Série do ensino fundamental fez comigo (quando ainda aluno). Ela pediu para desenharmos um trem, e colocar nossos amigos, famílias, etc... dentro de um vagão. Assim que fizemos, ela suspirou e disse: Essa é a vida. É um trem. Algumas pessoas vão descer nas estações antes da sua, outras vão abandonar a viagem por medo, outras terão de fazer, e terão aquelas (como sua família) que estarão com você até o final. Existirá também aquelas árduas despedidas, como também existirá aquele adeus que vai te cortar pela garganta e que você terá de fazer. Queria eu com os meus onze anos de idade entender a vida como ela exatamente é pra não ter achado aquele exercício idiota quando me passado.
Sou apegado aos detalhes. Me apego nos detalhes, e me desapego nos mesmos. Sou totalmente detalhista. E me lembro das coisas mínimas, aquelas que jamais ninguém lembraria, ou seria muito improvável que não. Dou comida ao meu peixinho, e me lembro de como eu enchia o meu quarto de animaizinhos para suprir a minha carência. Eram hamsters, tartarugas, peixes, calopsitas, tudo. Até mesmo o meu coelhinho. Eu sinto tanta falta disso. E me assusta me olhar no espelho agora, e me ver grande, ver que o garoto daquelas fotos ali não existe mais, ou existe e eu não sei onde foi parar. Ver que minha carinha de novo já era, e que aquele corte adolescente que me deixava com carinha fofa já não me cai mais bem. Aquele tênis skatista faz com que eu me pareça ridículo. E aquele cinto é da época da minha avó.
Nessa passagem me tranco ao meu quarto durante o final de semana inteiro. Não me importa o mundo lá fora, não me interessa o que está acontecendo naquela velha cidade, eu não me importo. Eu quero reviver todas aquelas coisas, eu quero poder me lembrar, quero poder voltar, quero poder ter tudo aquilo de novo. A inocência, meu pai, meus velhos amigos, aquelas festas, aqueles picnics no meio do mato com muita bebedeira. Quero ser Seventeen Again. É isso. Eu quero.
Domingo, dez e meia da noite, horário de voltar para o Rio de Janeiro. Comprei o último horário, pois queria ficar até o último segundo no meu quarto. Uma alça da mochila no ombro, revisto com os olhos para ver se me esqueci de alguma coisa, confiro novamente, e sempre esqueço, mas nunca percebo. Minha mãe na porta com aquele olhar “Volta, meu filho” e eu com aquela cara de que “Eu preciso ir”. Olho tudo ao redor novamente, revivo as fotos, revivo os momentos, revivo as pessoas. Apago a luz, fecho a porta, e respiro fundo. Aceito a ideia de que passou. Tudo passou. É um vagão de trem. Repito em voz baixa. Algumas desceram nas estações anteriores. Outras permanecem comigo. Algumas eu precisei fazer descer. E eu, preciso chegar ao ponto final.
Minha mãe me dá um beijo na testa, me abraça forte, e diz: "Quando chegar me liga!" Saio de casa, e me dói. Me dói não ter mais o abraço do meu Pai, mas me conforta saber que de alguma forma, se existe vida for daqui, saber que ele está olhando por mim agora. Entro no carro. Vejo minha casa se afastando pelo retrovisor. Saio daquele bairro relembrando minhas brincadeiras de crianças. Aceno pra velha senhora que me tem como "neto", e sigo meu caminho. "Eu quero ter você de volta. Lá em casa. Mas fica. Não vou falar mais nada. Não vou fazer você voltar. Meu filho, fica. Porque o mundo é seu!" Disse meu pai antes de falecer.
quinta-feira, 19 de julho de 2012
'SCARLET' por André Sgalbieri
"Vou começar do começo, e por ser redundante não irei repetir! A capa... Impecável, esclarecida, e muito muito chamativa... Em alguns momentos que estive lendo no metrô, ou no ônibus a caminho do trabalho reparei que as pessoas torciam as faces, e viravam o pescoço para decifrar o título daquele púrpura em degradê com pink que eu folheava tão devotamente em mãos... Sim, o poder de Scarlet começa no começo, na capa, na apresentação, na primeira impressão, na que se apresenta e na que a gente cria dela ao desenrolar do livro.

Foi-se a primeira folha, depois a segunda, quando me dei conta não estava trabalhando, não estava querendo dormir antes de terminá-lo. Uma dica aos novos leitores de Scarlet: Comecem bem cedo, num domingo em que não tenham nada para fazer; pois certamente irão esquecer das obrigações e mergulhar neste universo triste e ousado, e a todo o momento cheio de intensidade e detalhes que prendem nossos motivos e olhos e atenção por estarem sempre coincidindo com o cotidiano do mundo, e sinceramente, até mesmo com o nosso próprio e pessoal particular.
O livro é um misto de magia e choque de realidade, tende a momentos de choro e outros de riso, e não cansa, não repete, é direto, sem perder detalhes! Não se trata de um clássico literário e sim de uma releitura de como contar, já que o linguajar e o tema abordado são extremamente atuais, nada melhor do que uma linguagem atual, uma postura atual e mentes atualizadas a fim de conceber bem o propósito desta leitura.
Agradeço a oportunidade de ler algo tão diferente, estava cansado dos finais felizes normais, nas mocinhas com os mocinhos normais, e da perspectiva igual. Cansei de ler livros que narravam personagens diferentes, em lugares diferentes, com início e meio e final iguais! Scarlet supera isso em vários âmbitos! Nunca soube bem ao certo onde é que a estória toda acontecera, ou no período temporal que isso ocorreu... é como uma permissão implícita de que eu pudesse ter vivido no mesmo tempo da estória, ou ela acontecendo no mesmo tempo em que eu vivo... E vice-versa.
Não fui o único a cair indefeso nas tramas de Scarlet, choquei-me ao encontrar mamãe ainda deitada quando cheguei do trabalho, com o pijama do dia anterior, com aquela expressão de ontem e apreensiva me pedindo que não a atrapalhasse... Só recebi meu beijo de boa noite depois que ela terminou de ler e vir criticar o “Eduardo” (personagem) e todas as suas façanhas... Obrigado por me causar uma noite sem comida e colo de mãe, caro autor!
Por isso tornou-se meu livro de cabeceira; primeiro porque o rosa contrasta super bem com a decoração sóbria do meu quarto... E segundo... Porque sempre que ler aquele nome, aquele título... Vou poder lembrar que a vida é uma eterna luta... Ora estamos na frente de batalha, guerreando e enfrentado tudo com a “cara” e os peitos abertos... Ora estaremos reclusos, observando... Apenas existindo... Não por escolha, mas por propósitos! Adoro saber que preconceito é cada vez mais algo que cai nos conceitos sociais... A diferença é que torna o feio feio e o belo belo, um precisa do outro, necessariamente, para existir. Cada um com seus caprichos, mas todos com verdadeira importância e individualidade."

Conheci André pelas redes sociais, foi amizade a primeira vista, juntamos nossos dons com a escrita e tentamos criar um blog temático direcionado ao público gay no ano passado. Infelizmente, depois da equipe toda montada, o que faltou foi tempo para colocar o blog VIBE G. no ar.
Em seguida comecei a escrever SCARLET e todo o meu tempo vago que eu teria para postar as coisas no nosso "jornal" semanal seria preenchido. André, e eu, fomos nos tornando amigos de uma forma inesperada pela internet, nosso maior contato sempre foi/é através das tecnologias, uma vez ou outra o encontro em festas, onde dançamos juntos, rimos, e tudo mais. Mas o que mais me encantou nesse garoto, não foi seus olhos azuis, a barba bem feita, e a boca sensual (Embora é o principal, essencial, em um homem - ao meu ver) o que me encantou nele foi a forma como ele apareceu no lançamento do livro, tão doce, simpático, lindo como sempre, ele me fez assiná-lo acompanhado de uma marquinha de Batom. Pois é.
Sgalbieri, tem uma escrita doce, a qual desabafa em seu blog (http://guiis.blogspot.com.br/) assinando sempre Sonhardorzinho.
"Banco de couro, painel automático, teto solar, e o filho da puta ainda tinha olho azul"
Trecho do livro SCARLET que conquistou esse leitor assíduo que me deu este belo presente que vale a pena ser lido, relido, e tudo de novo.
quinta-feira, 5 de julho de 2012
Ana e Pedro
Era noite. O céu estava meio azul marinho, uma noite linda,
e intensa. De onde estavam conseguiam avistar o céu nitidamente pela janela do
apartamento. Ana, deitada ao peitoral de Pedro avistava as estrelas em
silêncio, enquanto ele acariciava seus cabelos.
- No que está pensando? – Perguntou Ana.
- Em nada. – Sorriu Pedro. – E você?
- Em nada também.
Ambos ficaram em silêncio curtindo o som do quarto, o qual
fazia a trilha sonora de fundo. Ana se levantou e debruçou na janela do quarto
e ficou olhando avulsa pela rua, que deserta estava. Pedro se levantou
lentamente e foi andando até a garota, abraçando-a por trás, lhe deu um beijo
na nuca.
- Você está distante. – Comentou Pedro.
- Por que acha isso?
- Sei lá. Apenas acho.
- Eu fico só pensando.
- Em...
- Em o que fazer amanhã quando você partir.
- Ana, vamos mesmo falar disso?
- Pedro, nunca sei o que fazer quando o assunto é você! –
Alterou Ana se virando para o garoto, com o qual estava se relacionando há um
mês.
- Como assim?
- Eu não sei o que te falar, eu não sei como continuar, eu
não sei o que fazer para não assustar você.
- Vá com calma, garota.
- Não me peça calma! Tudo que eu menos quero, e consigo, é
ter calma.
- Eu sou complicado, Ana.
- Eu sei disso. Eu sou impaciente, nós nunca combinaríamos.
- Eu gosto de uma outra garota. – Disse Pedro.
Ana ficou com o olhar fixo na feição que Pedro fez ao dizer
que era outra a dona de seu coração. Ana tirou os braços de Pedro de cima dela,
e sentou na cama, escorou os cotovelos no joelho e olhou para o garoto.
- Qual foi? Eu já havia te dito antes. – Tentou Pedro
justificar.
- Eu achei que eu tinha sido o suficiente.
- Pra...? – Pedro gostava que Ana completasse suas frases,
por isso sempre começa a pergunta com a justificativa que ela daria.
- Pra te bastar.
Pedro se aproximou de Ana, se ajoelhou se aos seus pés no
tapete de seu quarto.
- Eu estou curtindo a minha noite com você. Não podemos
falar disso em uma outra hora?
- Não precisa justificar. Somente seja breve. – Disse Ana olhando nos olhos de Pedro. –
Você tem certeza que isso. – Gesticulou mostrando o quarto ao redor. – é o que
você quer?
Pedro ficou em silêncio.
- Seu silêncio me machuca, cara, não faz isso. – Lamentou
Ana se levantando e deixando Pedro ajoelhado ao chão.
- Ana, por favor...- Pediu Pedro.
- Eu preciso de água. – Comentou Ana, que abriu a porta e
foi em direção a cozinha.
Ana foi andando até o fim do corredor, passou a mão no lado
direito da cozinha, escura, e acendeu as luzes. Abriu a geladeira, ficou
pensando no que queria, e teve uma sensação medonha de quando se esquece o que
quer. Ana então fechou a geladeira, e tentou voltar pelo corredor andando de
costas – sua mãe uma vez havia dito que quando se esquece o que iria fazer era
só voltar andando pelo caminho que havia feito que logo se recordaria. Ana se
lembrou que precisava sim de algo, voltou até o quarto e Pedro estava juntando
suas coisas e colocando na mochila.
- O que você está fazendo? – Perguntou Ana imóvel da porta.
- Me desculpe. Isso é um erro. – Lamentou Pedro ao vestir a
camisa que estava na cabeceira da cama.
- Eu sou um erro para você? – Perguntou Ana.
- Na verdade, eu sim. – Pedro colocou a mochila no ombro
direito e foi andando até a garota.
- Vamos consertar as coisas, por favor. – Pediu Ana.
- Ana, está tarde pra mim. Eu preciso ir. – Respondeu Pedro,
como quem queria mudar de assunto.
- Se você sair por aquela porta estará me mostrando que você
na verdade nunca acreditou em nós.
Pedro olhou Ana por alguns segundos, deu um beijo na testa da
garota, e disse:
- Se cuida!
Pedro então foi até o final do corredor, abriu a porta da
sala, e saiu. Ana ficou imóvel ao corredor vendo toda aquela cena, não sabia o
que fazer, como fazer, ela não sabia o que queria numa hora daquelas. O homem
que ela julgava que seria o melhor pra ela, acabara de sair por aquela porta.
Ana então correu pelo corredor, abriu sua imensa janela e avistou Pedro saindo
do prédio e abrindo a porta do carro. Ana abriu a boca para chamar por seu
nome, mas não conseguiu, o som não saiu,
ao ver que o farol se acendeu e Pedro havia girado a chave da ignição, Ana
então gritou:
- Pedro!
Pedro abriu a janela do carro e olhou para cima.
- Da próxima vê se tira esse boné pra falar comigo, seu
moleque! – Gritou Ana.
- Sua maluca! – Resmungou Pedro que logo em seguida deu
partida no carro.
“Ainda aprendo a separar sexo, de amor...” Pensou Ana
fechando a janela, não só do seu quarto, como também do seu coração.
terça-feira, 26 de junho de 2012
Quem Dirá?!
Me sento para lhe escrever, e de repente todas as minhas palavras se vão. Me sento para te falar o quanto eu realmente sinto, e o que eu realmente sinto, mas todas minhas palavras desvanecem. O meu tom se vai, e você permanece ali, intacto, me olhando com aquela carinha de cachorro sem dono que só você sabe fazer; aquela que me faz te levar pra casa todo o fim de noite, que me faz deitar ao teu lado e te dar abrigo, te aconchegar, de acobertar no nosso crime perfeito.
Me sento para te olhar, e vejo todo o meu mundo ao meu redor, tão perto, e ao mesmo tempo tão longe. É estranho, não sei quem é você, não sei o que você causa em mim, mas eu amo tanto esse efeito, tanto, um tanto bom, um tamanho grandioso. Tão grande ao ponto de me sentar, mesmo sem todas as palavras do mundo, e com a falta da voz, e respiração, me arriscando sussurrando que te amo, bem baixinho, por medo, medo de te assustar, medo de estar exterminando uma nação enquanto você está aí, de bicicleta de rodinha, com receios de cair, e se machucar.
Você me olha assustado por alguns segundos, e reclama por ser tão rápido, por eu nunca saber esperar, por eu sempre querer resolver as coisas do meu jeito, correndo, de pressa, na minha hora. Você reclama por eu nunca te ouvir, nunca te esperar, nunca parar por você, nunca brincar das suas brincadeiras, e do seu jeito. Você me chama de egoísta, filhinho de mamãe, e mimado, é quase uma controvérsia, quando na verdade o meu mimo é você.
Você sorri, me beija, me chama de Rey, me coloca num trono. Eu fico feliz, e acabo deixando mais uma vez o eu te amo pro dia seguinte, acabo me convencendo a esperar mais pra ouvir um “eu também” mesmo que entre os dentes da tua boca. Eu acabo deixando nós dois pra depois, pro dia seguinte, e mais uma vez pra semana que vem, ou até mesmo mês que vem.
Você me diz ter medo do futuro, eu digo que ele te devora, eu planejo, penso, viajo, e você ali; vivendo o agora. Me diz para esperar, te dar um tempo, ter paciência. Logo com você que nunca deixa nada pra outra hora. Quem dirá nós dois?! Quem dirá amanhã?! Quem dirá semana que vem, ou até mesmo mês depois?! Quem dirá, quem dirá, quem dirá? Me diz, ou dirá, que me ama também?
terça-feira, 19 de junho de 2012
O meu "eu" Casual.
REPOSTAGEM: Escrito em 27 de Outubro de 2010.
Tá, você vem conversando com aquele cara há dias no MSN. Trocando SMS's, ligações, e tudo que tem direito. Cara, daí você já começa a imaginar um futuro próximo com o tal, se bobear até vocês casando, chegando em festas juntos, seus amigos invejando, e por aí vaí... É assim que acontece na cabeça de muitos. Ele era atencioso, te ligava ao chegar da academia, desejava boa noite, bom dia, boa tarde, boa madrugada, até bons sonhos, e um "Sonhe comigo" vinha de presente. PUTA QUE PARIU...
Tá, você vem conversando com aquele cara há dias no MSN. Trocando SMS's, ligações, e tudo que tem direito. Cara, daí você já começa a imaginar um futuro próximo com o tal, se bobear até vocês casando, chegando em festas juntos, seus amigos invejando, e por aí vaí... É assim que acontece na cabeça de muitos. Ele era atencioso, te ligava ao chegar da academia, desejava boa noite, bom dia, boa tarde, boa madrugada, até bons sonhos, e um "Sonhe comigo" vinha de presente. PUTA QUE PARIU...
Isso tudo são características de caras que não merecem ser lembrados no dia seguinte
É aí que nós caímos no bom papo de um cara GOSTOSÃO, lindo, e VIVIDO, literalmente. Estupidez nossa. Tá beleza, até aí tá bom. Porque estamos apenas nos iludindo e sonhando com o futuro próximo. (risos)Mas e quando Caímos na bobeira de antecipar o futuro, dá aloka e ir atrás do tal cara dos contos de fadas que críamos em nossa cabeça? Pois então... Você se desdobra, pega aquela camisa linda que realça seus braços, peito, super justa, e que por ventura te traz sorte, pega a calça que deixa sua bunda gostosa e notável, você se olha no espelho, fica horas arrumando o cabelo para que ele SIMPLESMENTE goste, dá uma batidinha de pó, tira o excesso, e depois de desfilar a casa inteira, e ficar se olhando, corre para não perder a hora e ser pontual. E esquecemos que PONTUALIDADE é quase um "Oi, estou com tédio". Bom, daí ele te liga, pergunta onde você está, e diz que vai te buscar. Você espera com ansiedade, quando ele chega, você pensa:
"MEU DEUS, Ele não é muito pro meu aquário?!"
E Deus te responde. Responde nas horas seguintes; quando você o vê! Rola até uma trilha sonora romântica na sua cabeça, é cena de filme, incrível. Daí você se ilude ainda mais, e pensa "É com ele que eu vou casar, vou ter filhos, serei dona de casa, e morrerei ao lado dele". E contudo a música rolando no fundo, você no banco carona, e a estrada correndo lá fora, a conversa rolando solto; uma música estilo:
Daí vocês chegam em casa, na casa dele! E começam a se beijar, quando você nota você já está despida, daí você pensa com um tom de ingênuidade "Nós iriamos apenas nos conhecer", segura a mão dele para que ele não prossiga com o ato do sexo, e diz; "Eu não faço isso de primeira" - NISSO, a música ainda rolando na sua cabeça - daí você sente aquele arranhão de disco, a música agarrando, sabe qual é?! Tipo uma freiada de carro! Ele ri na sua cara; debochadamente. e joga outra em cima de você "Você é todo certinho, não transa de primeira?". você afirma com a cabeça, e fica pensativo, daí surgem as suas duas personalidades; o capetinha e o anjinho, um em cada ombro...
Do lado esquerdo o capetinha:
- Transa, você nunca mais vai ver ele mesmo, e você vai adquirir experiência.
O anjinho:
- Não faz isso, lembra da última vez que você transou de primeira? o cara nunca mais te procurou...
Daí vem a sua melhor amiga -na sua imaginação- lixando a unha, com todo glamour, senta do seu lado na cama enquanto você ainda tá por baixo do cara, olha pra você com um olhar de desdém, e diz:
- Transa logo, vagabunda, você tá doida pra fazer! Não adianta segurar, viu o que aconteceu da última vez né? você foi frígida e perdeu o bofe, agora se você quer segurar esse aí meu filho acho melhor você fazer valer a pena os momentos, porque se na primeira não dá certo a gente tem que mudar as táticas, e dar certo de primeira.
Influenciado pelas duas demônias você não escuta o seu lado santo, decide soltar logo o que tanto tava prendendo... Vocês ficam uma hora e meia fazendo sexo, ambos chegam ao orgasmo, tomam banho, se vestem, e o assunto do início que era constante, fica meio SUMIDO. Entende onde eu quero chegar? Ele foi super fofo com você na cama, e o clima pós-sexo não foi um dos melhores, Ok! Ele te leva pra lanchar, vocês se divertem, ele continua o fofo de antes, depois te deixa em casa, e você fica imaginando, vem aquele flashback TODINHO na sua cabeça, sobre o ANTES e o DEPOIS. E você ainda fica com dó e pensando o que poderia ter acontecido se você tivesse escutado o lado santo..
No dia seguinte, se ele te chamava de "amor, bb, lindo", ele começa a abreviar seu nome, até nem te procura mais, fica no msn a tarde toda, você abre a janelinha dele esperando ele sair pra ver se ele vai sair sem falar com você. E imagina, o que acontece? ELE SAI.. Resumidamente, galera:
Sexo casual, encontros casuais; são momentos, diversão, e o próprio nome já diz CASUAL, e se a gente se envolve nisso não passamos de diversão também, fomos um parquinho para adultos praticamente, só que quando entramos em uma dessa temos que saber como brincar, se não soubermos a gente PERDE, e perder numa situação dessas é a pior coisa do mundo; você perde a cabeça, você perde tudo, fica só imaginando que foi apenas mais um dos dele, e que será apenas MAIS um que o procura, e que também é MAIS um que está na rede de relacionamentos dele que ele já fudeu! Daí você fica imaginando "O que deu errado / O que eu fiz de errado / Se você não é o tipo de cara que ele-ela curte/ Se ele só te quis pra isso desde o início"
O que deu errado / O que eu fiz de errado?
O que deu errado é que você não entrou no jogo com as mesmas intenções que as dele, você se iludiu, deixou se levar pelos momentos, não soube curtir, esqueceu completamente do ALÍ e do AGORA, e pensou apenas no dia seguinte, se ele ia te procurar! E fez TUDO para que isso acontecesse, e não acontece na maioria dos casos; FOI ISSO QUE VOCÊ FEZ DE ERRADO!
Eu sou o tipo de cara que ele curte?
Claro que é! São os pensamentos, e a cabeça que não podem ter batido, se você não fosse, ele não teria te procurado, pessoas tem pensamentos diferentes, formas de agir completamente diferentes, e quando isso não bate, ou BATE né? simplesmente a química não rola. Eu ainda não consigo entender se são os opostos que se atraem, ou os iguais que se atraem, ou simplesmente os diferentes que se completam. Estou nessa ainda de ficar quebrando a cabeça pra saber.
E se ele só me quis pra isso desde o início?
C'mon guuuy, o mundo não vai acabar por isso, cabeça erquida, continue a rotina, lembre-se do FDS e dos momentos que passou ao lado do cara como se fosse uma festa, daquelas bem TRASH's, sabe? que a gente nem lembra de nada no dia seguinte!!! Todos nós temos intenções em tudo que fazemos, quando começamos a fazer tal coisa é porque queremos chegar e alcançar o objetivo, ele alcançou o dele! E eu, alcancei o meu? Claro, ganhei experiência!
Concluindo?!
Acho que o ser humano tende a sofrer por amor, mas não me acho um desses. Gosto muito de mim para derramar lágrimas por qualquer cara sequer. Quando vejo pessoas assim, tão dependentes de HOMENS, eu sinto nojo, e imagino "Como pode? tem tantos por aí.". Cara, se ele não foi seu e fez tudo isso com você, ele vai ser de outro que COM CERTEZA vai fazer TUDO com ele - Conhece a lei da ação e reação? - e aaí a história se repete, SEMPRE se repete, e sempre existe aqueles que vencem e aqueles que perdem! e no lance da vida amorosa temos que jogar para ganhar, e se perdermos, apenas não deixar as estruturas se abalarem, porque se isso acontece... A gente se acaba, e quem gosta de coisa ACABADA? Com meus dezoito anos aprendi que pessoas são descartáveis, nada dura para sempre, e é assim, hoje a gente ama, amanhã a gente desama, hoje a gente ignora, amanhã a gente procura, e se ele me ignora hoje, o AMANHÃ dele?! Eu espero que esteja próximo!
segunda-feira, 18 de junho de 2012
DOIS!
Maria estava entediada quando conheceu Joãozinho, ele por sua vez se encontrava em tédio profundo também. Maria foi dando abertura para Joãozinho aos poucos entrar na sua vida, eles conversavam todos os dias, viravam a noite na internet, se enchiam de mensagens fofas, e faziam planos para o futuro juntos. Mas tem um porém.
Maria começou a se acostumar com Joãozinho todos os dias, e ela, com uma mania de menina boba, foi fantasiando um relacionamento que não existia entre os dois. Joãozinho, por sua vez, com a mania e jeitão de homem ogro, não fantasiava nada, sempre com os pés no chão, e sempre lembrando à Mariazinha que ela era Livre para fazer o que queria. Para Maria, Joãozinho era seu namorado, mas para Joãozinho, Maria, era somente uma amiga, uma paquera, algo colorido. Tendo em vista que ambos moravam a quilômetros de distância.
Joãozinho conheceu uma fulaninha e acabou indo pra cama com ela, Mariazinha conheceu um fulaninho, e também foi pra cama com ele. No dia seguinte, Joãozinho e Maria se confrontaram. Joãozinho a contou a verdade, Maria se machucou, e quis ferir também. Feriu Joãozinho que se sentiu enciumado, e os dois se bicaram.
Joãozinho começou a evitar Maria, e Maria começou a correr atrás do tirano, afinal, ela gostava de Joãozinho. Maria disse tudo que pensava, e o que queria, porque ela é dessas. Joãozinho pediu um tempo. Isso mesmo, um tempo para pensar se era ela que ele queria pra vida dele. Quem ama não pede tempo. Quem ama, quem gosta, quem quer, atropela o tempo, como Maria atropelou, e atropelaria qualquer coisa por Joãozinho. Para amar simplesmente não tem hora.
Quando o amor acontece, é um abuso não amar. Quem tem a ousadia de desobedecer essa regrinha básica? A gente tem uma mania tão feia de trocar as mãos pelos pés, ou vice versa, e sair dizendo por aí "eu te amo" pra qualquer um. E às vezes nem é amor, é carência, é saudade, é entusiasmo, é falta. O amor acontece de diversas formas, e você está ali para ser atropelado. E como eu queria atropelar o meu Joãozinho, viu...
sábado, 9 de junho de 2012
About CROATIA
Eu estava dançando quando ele me viu. Mas eu não estava dançando, eu estava me destruindo no queijo quando ele bateu seus olhos castanho claros em mim. Quando vi que eu estava sendo observado, fiz mais graça, desci até o chão, feito uma vadia louca. Eu havia saído para curtir a minha noite, para fazer loucura, era por isso que eu estava ali. As pessoas olhavam, algumas riam, e outras olhavam de canto de olho o louco dançando no queijo com cerveja, caipvodca, e mais um monte de outras coisas, na cabeça. E ele continuou ali, intacto, me olhando. Foi quando eu percebi que era sério. Me contive, sorri sem graça, e logo dei um jeito de me aquietar, e sentar no canto do salão.
Ele então disse “hi”, e sorriu. Foi quando percebi que ele não falava a minha língua, e para piorar nem eu a dele, ainda mais após os litros de bebidas que havia enfiado na minha goela abaixo. Conversamos, não lembro do que conversamos, mas foi o suficiente para descobrir que ele era da “Croêtxia” (Como se pronuncia CROÁCIA por lá, pra quem não sabe), não dei muita ideia. Logo após trocarmos Skype, e dei logo um jeito de sair do seu campo de visão. Fui embora às sete da manhã, e ele às quatro, e nem o vi após o acontecido.
Croácia, ahh, Croácia. Vocês sabiam que os Croatas inventaram a gravata? Lá suas padarias não são como as nossas, eles vendem somente PÃO, e olhe lá. Eles comem muita pizza, no café da manhã, almoço, janta. Split tem uma vista maravilhosa, praias maravilhosas, e campos maravilhosos. E a melhor época para curtir o verão é antes de Setembro, porque em Novembro começa o inverno, onde só termina em Fevereiro. Lá, a neve é tão densa nessa época - devido ao clima que chega a ficar menos 25° - que chega a congelar a ponte que liga uma cidade a outra, deixando-a interditada, e o tráfego fica totalmente suspenso. As bebidas locais incluem a cerveja, ou pivo, sendo a Karlovačko a marca mais famosa; e as grappas, podendo ser aromatizadas com ervas, cereja ou mel. A costa do país tem grande influência italiana, enquanto na parte continental percebe-se mais a influência austro-hungara, principalmente em relação a arquitetura. A guerra contra a Sérvia que resultou na independência da Croácia não afetou o pais inteiro; enquanto Zagreb saiu praticamente ilesa, na costa da Dalmacia as famílias tiveram que construir abrigos contra bombas e ataques aéreos. E é lá que existe um garoto de vinte e quatro anos, com barba rala, e um sorriso maravilhoso, perfumado, o qual me fez brilhar os olhos, e me despertou todo esse interesse de querer saber mais e mais.
Eu sempre quis conhecer a neve, hoje descobri que não há muita coisa de interessante na mesma. Pessoas podem quebrar mãos, e pernas, e se alguém de idade cair, pode até se machucar sério. Bom, foi ele quem me disse. Foi nessa hora que eu mandei uma carinha de triste via Skype. (Eu nunca veria a neve, e se um dia chegasse a ver, eu me cansaria fácil, pois parece ser como a chuva no outono)
[16:11:24] ivan: heyy.... please smileeeeeeee
[16:11:48] ivan: i hate when you “:////”, you make me sad.
E a gente está assim. Hoje fiquei desde às nove da manhã até agora, às seis da tarde, deitado na cama com a cabeça no travesseiro, comendo chocolate, e plugado no Skype conversando com o croata mais gato que eu já vi – Levando em vista que eu só vi um até hoje.
Tendo em vista que o nosso fuso horário tem uma puta diferença, a gente consegue ainda assim administrar o tempo, são cinco horas de diferença. Ou seja... Quando eu acordo aqui, ele está almoçando por lá, ou quase isso. Hoje, sábado, ele se arrumou para ir em uma festa na cidade, onde as pessoas bebem feito loucas na beira da praia, e depois como ele disse, elas nadam quando dá 00:00 hs. Antes de sair, ele ligou a cam para que eu aprovasse o visual. Como ele estava lindo, foi ali, que meu amor (ou entusiasmo) por ele cresceu ainda mais. Ao aprovar aquela camisa xadrez que ficou brega, mas linda, em cima daquela regata preta, e aquela calça jeans que realçava tudo (isso mesmo), ele voltou a se sentar na cadeira e:
[17:59:01] ivan: u wait me?
[17:59:07] X_Reey: always
[17:59:21] ivan: beijos
E eu estou aqui agora, sentado na frente do computador com a cara plantada no Skype, esperando ele voltar da tal festa. Até que o tempo, o fuso horário, os quilômetros de distância, e todos os meus defeitos (que são muitos) nos separe. Amém.
segunda-feira, 21 de maio de 2012
Vida
É estranho explicar, mas eu sinto saudades de quem eu fui. Não que eu esteja completamente diferente do que eu era, mas eu estou. Racionalmente falando, eu não sou mais o mesmo de antes. Tenho tido uma imensurável saudades da minha casa, dos meus velhos amigos, da minha velha vida. Sair de casa enche os olhos de qualquer adolescente. Aqui fora é um mundo, pra quem ainda está sobre o cuidado dos pais. Mas vou contar um segredinho: Vocês vão sentir MUITO a falta do que vocês tem, e aí vai ser tarde, porque tudo vai ficar no passado. E aí fudeu. O tempo é a pior de todas as coisas desse mundo. Ele te devora. Não espera por você, tampouco volta pra você. Se a gente não aproveitar as pequenas coisas que a vida nos proporciona no dia a dia, já era. Se eu ao menos pudesse voltar, eu teria aproveitado tão mais, e mais, do que eu tive. Não que eu não tenha mais, só não alcanço mais. Tô bem, feliz não. Feliz eu fui até os meus dezenove anos. E olha que eu estou com vinte hein... Mas tenho pensado sobre a felicidade, sobretudo sobre a vida. Aquela que eu deixei pra trás...
domingo, 22 de abril de 2012
Deu PANE: Era pra ser amor, mas é sexo!
Vamos lá: Tenho um amigo que exatamente há um ano atrás conheceu um cara, e que de primeira ficou encantado com o mesmo. Os dois ficaram durante a festa toda, e em seguida esse meu amigo foi dormir na casa dele. No dia seguinte meu amigo voltou pra casa com um sorriso apaixonado e uma história avassaladora pra contar, até aí tudo bem, estava no segundo dia, e ninguém havia se machucado, AINDA.
Na semana seguinte eles ficaram de novo, e na outra, e na outra, e na outra, e assim sucessivamente. Mas meu amigo reclamava sempre que o tal carinha só o ligava no domingo a tarde, somente para passar a noite e o fim do final de semana acompanhado. O que no início não era problema, começou a se tornar um ENORME obstáculo com o passar dos meses.
Sempre deixei claro que um caso assim não teria futuro, até porque como é que a gente investe em uma pessoa que só nos liga no domingo a tarde, e o resto da semana nem existe, nem diz oi, e nem sente saudades?! Como, hein?! COMO?(Aquele momento desespero) Com seis meses meu amigo foi se cansando da casualidade dos encontros e começou a tentar conquistar o coração de pedra do talzinho, só que sempre que ele falava de namoro, o CORAÇÃO GELADO corria.
Numa de um DOMINGO a noite, três meses atrás meu amigo me liga:
- Amigo, comprei uma caneta daquelas comestíveis de Sex shop. E Escrevi no corpo “NAMORA COMIGO?” e disse a ele que se ele lambesse seria um sim.
- Nossa. – Disse lisonjeado. – Quanta criatividade. Mas me conta, e aí?
- E aí que eu estou indo embora todo melado!
Subentende se que o CORAÇÃO GELADO não quis. E meu amigo ainda assim continuou sumindo todos os DOMINGOS e tornou se indisponível para contato durante UM ANO, que fez exatamente hoje. E ainda me liga para reclamar do cara, e em todas as ligações – TODAS mesmo – ele me pergunta:
- Aiii amigo, o que eu faço?
No início eu respondia:
- Conversa com ele, cara. Se você gosta dele e quer insistir nisso e te faz bem, diz o que você sente, mostra pra ele que você gosta etc... Se for o que ele quer também, vocês vão ficar juntos.
Ele sempre dizia que iria, desligava o telefone decidido e me deixava ansioso pela resposta da conversa que teriam. mas chegava aos domingos e não abria a boca, e no dia seguinte falava que não conseguiu falar, ou não deu tempo, e vinha novamente com histórias um tanto eróticas sobre o confronto – o sexo – que já era uma domingueira entre os dois. Sempre que ele me perguntava sobre o que fazer, eu respondia sempre a mesma coisa, mas com o passar do tempo EU fui me cansando da história e ficava indagado sobre como ele conseguia aceitar aquilo, sobretudo se acomodar com aquele relacionamento.
Quando ele tocava no assunto eu já dizia acostumado com a sem vergonhice de ambos, o que já era quase uma resposta automática:
- Vai lá, transa com ele. Você não está fazendo nada mesmo... (Que era sempre o que ele queria ouvir)
Hoje é domingo. No calendário do meu amigo “domingo” quer dizer: “Hoje é dia!!!” Chegando em casa me pego 14 chamadas não atendidas no celular. Estranho, era para o meu amigo estar se “preparando” para o fim do dia, já que ele é todo vaidoso, afinal, hoje é domingo. Retorno a ligação que encarei como desespero. Ele atende na primeira chamada:
- Amigo! Mandei uma mensagem pro fulano.
- Ai meu Deus... – Reclamei cansado do assunto.
- Posso ler? Não ri agora, só no final. Tudo bem?
- Claro. Vou me segurar.
- Pensa em mim, que eu estou pensando em você. E me diz, o que eu quero te dizer. Vem pra cá pra eu te dizer que juntos estamos... – Não precisou de muito pra me tocar que se tratava da música PENSA EM MIM do ano de 2007 e cacetadas.
- E ele, respondeu? – Perguntei curioso.
- Sim, ele respondeu com: Quer sexo hoje?
Nós dois gargalhamos.
- E você? – Perguntei.
- Então... Te liguei por isso. O que você acha, o que eu respondo, o que você faria? – Perguntou ele de uma forma desesperada.
- Primeiro: Já te falei o que eu acho e penso disso tudo. Segundo que se eu mandasse isso pra alguém, e esse alguém me retornasse com uma mensagem ousada dessa forma, eu responderia: Estou, mas não com você. (PONTO)
- Então vou responder isso! Aii... mas eu quero com ele. – Choramingou.
- Mas ele não precisa saber. Manda. – Dei ideia colocando mais lenha na fogueira.
- Tá bom. Depois eu te ligo. – Ele deu uma pausa. – Ah... e você, tá bem?
- Tô. Hoje eu fui....
Ele me interrompeu:
- Depois eu te ligo. Ah, e se eu não te ligar e ficar in off o dia todo, você já sabe o que aconteceu né?!
- Sei.
- Ok. Te amo! Beijos.
- Beijos.
Desliguei a chamada, balancei a cabeça, e ri sozinho.
Ou seja... Não se salva um coração vagabundo que gosta de dor.
sexta-feira, 20 de abril de 2012
Cesta
Estou sentado há horas com papel e caneta nas mãos tentando lhe escrever algo, e eu simplesmente não consigo, ou pode ser pelo fato de que eu não sei na verdade o que lhe escrever, o que lhe dizer.
Fiquei feliz hoje pela manhã quando acordei e vi que ouvir sua voz já não era mais uma necessidade minha, passei despercebido pelo seu horóscopo na página do jornal; saber como seria seu dia não me interessa mais.
Me levantei da cama hoje sem preocupação de procurar mensagens suas pelo meu celular, sem preocupação em ser a primeira pessoa a qual lhe daria um bom dia. Acordei bem, não dormi de mal jeito, embora tenha dormido sozinho. Coloquei um travesseiro a mais na cama para substituir o teu peito. Troquei meus lençóis. E até arrumei a cama ao sair de casa. Eu queria te dizer isso tudo, e no meio de todas essas coisas, eu percebo que não há necessidade, quer dizer, eu não sinto necessidade.
Lavo meu rosto, tomo meu café, jogo no lixo uma escova de dentes que sobrava no meu banheiro e percebo que era a sua, empacoto, tomo meu banho, me lavo, me seco, me escorro pelo ralo. Me visto, saio de casa e vejo que o mundo continua aqui fora, porém sem você. E ver que eu tenho de tocar o meu dia sem te ter no final dele como de costume, é a parte mais difícil do meu dia, embora seja necessário.
Me sento e fico por horas tentando lhe escrever algo, não consigo, amasso o papel, e faço cesta com a lixeira ao meu lado esquerdo, e é quando eu percebo que tentei inúmeras vezes lhe escrever, como tentei também nos salvar. Ironia, não?!
domingo, 15 de abril de 2012
A Princesa e o dragão.
Ouvindo DIDO - Dont leave home Aqui
Era uma vez uma princesa. Ela morava em um castelo onde esperava a chegada de um príncipe encantado que nunca vinha. Todos os dias ela se levantava da cama e caminhava até a janela de seu castelo solitário e olhava além das longas cortinas o dia que gritava lá fora. Era um reino distante, completamente distante. Nunca tinha visto a cara de mais ninguém além da sua mesmo através dos grandes espelhos de sua casa.
Ela caminhava por todos os cômodos passando as mãos pela parede no intuito de que não se perdesse dentro de sua própria casa, como ela faz constantemente dentro de si. Um belo dia a bela princesa decidiu abrir as portas do castelo e ir além dos limites permitidos. Sem medo.
Havia um mito que dizia que quem passasse dos limites estabelecidos jamais poderia voltar, e teria de passar por um caminho de espinhos e um dragão enorme que rajava fogo por quem tentasse se aproximar daquele reino. A princesa então decidiu colocar os pés pra fora do castelo, começando assim com o pé esquerdo.
Seu salto de cristal reluziu a luz do sol e seu vestido longo lilás destacou-se por todo aquele ambiente. Os pássaros cantavam pelo campo afora, então a princesa deu o segundo passo, o terceiro, o quarto, e parou. Olhou por todos os cantos fora daquele castelo sem saber pra onde ir, por onde começar, e de repente correu rumo ao nada.
E ela corria, corria desesperadamente, segurou as pontas do vestido e galopeou campo afora com dificuldades por causa do sapato salto alto. Seus cabelos ondulados batiam contra o vento e caiam sobre seu rosto lindo e perfeito. Com emoção e encanto por causa da liberdade toda que havia conquistado ela se encontrou dispersa, foi quando caiu de cara no chão.
A princesa ficou imóvel por alguns segundos. Ela pensou em chorar, mas chorar não fazia sentido, não mais. Então ela jogou seus cabelos para trás, ergueu a cabeça e deixou os sapatinhos de princesa de lado, os tirou e os jogou para trás. Em seguida ela continuou a correr rumo ao nada. A princesa enfim passou pelo caminho cheio de espinhos com agilidade, rasgando e prendendo seu vestido pelas farpas do caminho. Quando chegou ao final ela só via árvores e uma névoa assustadora. Foi quando ela viu um cavalo branco correndo assustado em direção contrária, ela tentou avançar e viu fogo. Era o dragão.
A princesa assustada tentou se esconder e viu finalmente o príncipe caído ao chão de frente ao dragão. Ela já havia saído do castelo, não tinha mais nada a perder, tampouco a ganhar, ela só podia naquele exato momento se arriscar, e foi o que ela fez.
Ela correu para enfrentar o dragão que se preparava para atear fogo no corpo do príncipe caído ao chão. Quando se aproximou do príncipe ela ajoelhou no chão lamacento deixando sujar seu belo vestido e o olhou nos olhos.
- Eu sabia que você viria. – Ele disse.
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
DISPERSOS (n. 2)
É irônico pensar que grandes amigos podem se tornar grandes estranhos, grandes amores podem com o passar do tempo se tornar experiências infrutíferas, sobretudo é doloroso saber que um mural de fotos com todas essas recordações dói mais que todas as lembranças.
domingo, 19 de fevereiro de 2012
Pensando em você
Se você acordar e tentar se encontrar, e se por um instante se pegar sozinho, pegue o telefone e me ligue. E eu vou dizer: Vamos chutar esse dia juntos. Vou correndo verificar se meu coração ainda bate por você, vou deixar você ficar, vou deixar você me ver sorrir.
Hoje quando acordei eu tive a certeza que nosso amor se enferrujou, e através dessa janela eu vejo um dia melhor. Talvez eu feche as cortinas, talvez não.
Talvez eu apague a luz, mas minha luz é você.
Você é meu vazio, as cores mais bonitas de um vestido de verão, meu amor, você está em todas as coisas que caem do céu. O Sol, a chuva, a lua, a luz.
Apesar de tudo, eu irei lhe abraçar quando se sentir necessitado.
Por isso querido, não chore, apenas inspire e expire.
Você não está sozinho!
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